19 de dezembro de 2013

No saguão

Semana passada, chegando na Estação Luz me deparei com uma cena muito triste. O piano que ficava no saguão que dá acesso à estação estava jogado no chão todo estourado, com uma faixa cercando o local e um aviso de que o ato, nada mais foi, do que vandalismo.

Para que m não sabe, esse piano ficava aberto na estação para qualquer um que se sentisse a vontade o tocasse, desde músicos que tocavam grandes arranjos, até os moradores de rua que com simples notas emboladas e perdidas no meio dos sorrisos fazendo os transeuntes parararem para admirar como é possível ser feliz com tão pouco. Doeu ver o piano, que tantas vezes alegrou e distraiu tantas idas e vindas, completamente torto e abandonado no meio do caminho.  

Enquanto desviava do piano para seguir meu caminho me perguntei: "Mas porque não o tiraram do meio do caminho, ou apenas o reergeram?!" e após uma longa relflexão eu entendi. Era preciso que todo mundo visse o estrago, aquele piano no chão era uma forma de protesto.

Engraçado como nós também somos assim, deixamos livre aquilo que temos de mais lindo e caro para as pessoas tocarem, na esperança de que quando um tocar outros sintam a melodia e que isso possa mudar um pouco o mundo. E então, quando menos esperamos surge alguém e te vandaliza, te joga no chão e destrói aquilo que era pra ser de todos e para todos. E mesmo que reerguessemos o que foi quebrado, não funciona mais da mesma forma, então deixamos alí pra mostrar o quanto dói essa destruição.

Depois de dois dias retiraram o piano, e hoje o saguão é apenas um saguão repleto de pessoas correndo para todos os lados e que não param nem quando esbarram uma nas outras. E assim é a vida. A cada vandalismo seja ele qual for, traz uma perda, um silêncio, um vazio, seja no saguão da estação, ou do coração.

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