"É para isso que servem os rituais. Realizamos cerimônias espirituais como seres humanos de forma a criar um lugar seguro onde os nossos sentimentos mais complicados de alegria ou de trauma possam descansar, para não precisarmos carregar esses sentimentos conosco para sempre, como um peso a nos atrapalhar. Nós todos precisamos desses esconderijos rituais. E eu acredito que, se a sua cultura ou a sua tradição não tiverem os rituais específicos pelos quais você anseia, então decididamente você tem permissão para elaborar a sua própria cerimônia usando a própria imaginação, consertando seus sistemas emocionais escangalhados com todos os recursos do tipo faça-você-mesmo de um generoso bombeiro/poeta. Se você se dedicar realmente à sua cerimônia feita em casa, Deus irá trazer a graça. E é por isso que precisamos de Deus.
Levantei-me e plantei bananeira no telhado da minha Guru, para comemorar a idéia da liberação. Senti as telhas empoeiradas sob minhas mãos. Senti a suave brisa da noite nas solas dos meus pés descalços. Esse tipo de coisa - de repente plantar uma bananeira — não é algo que uma alma azul e fria, desprovida de corpo, possa fazer, mas um ser humano pode. Nós temos mãos; podemos nos apoiar nelas se quisermos. E o nosso privilégio. E essa a alegria de um corpo mortal. E é por isso que Deus precisa de nós. Porque Deus ama sentir as coisas por intermédio de nossas mãos."
(Trecho do livro Comer, Rezar e Amar)
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